quarta-feira, 27 de julho de 2011

Entenda melhor a lei da reeencarnação

"A reencarnação, afirmada pelas vozes de além-túmulo, é a única forma racional por que se pode admitir a reparação das faltas cometidas e a evolução gradual dos seres. Sem ela, não se vê sanção moral satisfatória e completa; não há possibilidade de conceber a existência de um ser que governe o universo com justiça.
"Se admitirmos que o homem vive actualmente pela primeira vez neste mundo, que uma única existência terrestre é o quinhão de cada um de nós, a incoerência e a parcialidade, forçoso seria reconhecê-lo, presidem à repartição dos bens e dos males, das aptidões e das faculdades, das qualidades nativas e dos vícios originais.





"Todos os espíritos tendem para a perfeição, e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. A sua justiça, porém, concede-lhes realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova.
"Não obraria Deus com equidade, nem de acordo com a sua bondade, se condenasse para sempre os que talvez hajam encontrado, oriundos do próprio meio em que foram colocados e alheios à vontade que os animava, obstáculos ao seu melhoramento. Se a sorte do homem se fixasse irrevogavelmente depois da morte não seria uma única a balança em que Deus pesa as acções de todas as criaturas e não haveria imparcialidade no tratamento que a todas dispensa.
"A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois oferece os meios de resgatarmos os nossos erros, por novas provações. A razão no-la indica e os espíritos a ensinam.
"O homem que tem consciência da sua inferioridade haure consoladora esperança na doutrina da reencarnação. Se crê na justiça de Deus, não pode contar que venha a achar-se, para sempre, em pé de igualdade com os que mais fizeram do que ele. Sustém-no, porém, e reanima-lhe a coragem a ideia de que aquela inferioridade não o deserda eternamente do supremo bem e que, mediante novos esforços, dado lhe será conquistá-lo. Quem é que, ao cabo da sua carreira, não deplora haver tão tarde ganho uma experiência de que já não mais pode tirar proveito? Entretanto, essa experiência tardia não fica perdida; o espírito a utilizará em nova existência".

REENCARNAÇÃO E RESSURREIÇÃO

"A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só os saduceus, cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não acreditavam nisso. As ideias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não eram claramente definidas, porque apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua ligação com o corpo.
Criam eles que um homem que vivera poderia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o facto poderia dar-se. Designavam pelo termo ressurreição o que o espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação. Com efeito, a ressurreição dá ideia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde há muito tempo dispersos e absorvidos.
A reencarnação é a volta da alma, ou espírito, à vida corpórea, mas em outro corpo, especialmente formado para ele, e que nada tem de comum com o antigo. A palavra ressurreição podia, assim, aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias, nem aos outros profetas. Se, portanto, segundo a crença deles, João Baptista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, pois João fora visto criança e seus pais eram conhecidos. João, pois, podia ser Elias reencarnado, porém, não ressuscitado".

REENCARNAÇÃO E METEMPSICOSE

"Poderia encarnar num animal o espírito que animou o corpo de um homem?". Allan Kardec submete aos espíritos a questão, inscrevendo-a sob n.º 612 em "O Livro dos Espíritos", para averiguar a veracidade ou não de certas afirmações populares que informavam poderem as almas retornar à Terra num corpo de animal para pagamento de infracções cometidas contra a Lei.
Esclarecem os espíritos: "Isso seria retrogradar, e o espírito não retrograda. O rio não remonta à sua nascente".
E o codificador comenta: "Seria verdadeira a metempsicose, se indicasse a progressão da alma, passando de um estado inferior a outro superior, onde adquirisse desenvolvimentos que lhe transformassem a natureza. É, porém, falsa no sentido de transmigração directa da alma do animal para o homem, e reciprocamente, o que implicaria a ideia de um retrocesso...".
"A reencarnação, como os espíritos a ensinam, funda-se, ao contrário, na marcha ascendente da natureza e na progressão do homem, dentro da sua própria espécie, o que em nada lhe diminui a dignidade. O que o rebaixa é o mau uso que ele faz das faculdades que Deus lhe outorgou para que progrida".
Emmanuel explica como nasceu entre os egípcios a doutrina da metempsicose: "... O grande povo dos faraós guardava a reminiscência do seu doloroso degredo na face obscura do mundo terreno. E tanto lhe doía semelhante humilhação que, na lembrança do pretérito, criou a teoria da metempsicose, acreditando que a alma de um homem podia regressar ao corpo de um irracional, por determinação punitiva dos deuses. A metempsicose era o fruto da sua amarga impressão, a respeito do exílio penoso que lhe fora infligido no ambiente terrestre".
"Pitágoras foi o primeiro que introduziu na Grécia a doutrina dos renascimentos da alma, doutrina que havia conhecido em suas viagens ao Egipto e à Pérsia. Ele tinha duas doutrinas, uma reservada aos iniciados, que frequentavam os mistérios, e outra destinada ao povo; esta última deu nascimento ao erro da metempsicose. Para os iniciados, a ascensão era gradual e progressiva, sem regressão às formas inferiores, enquanto ao povo, pouco evoluído, se ensinava que as almas ruins deviam renascer em corpos de animais...".
"O vulgo não quer ver hoje na metempsicose mais do que a passagem da alma humana para o corpo de seres inferiores. Na Índia, no Egipto e na Grécia ela era considerada, de um modo mais geral, como transmigração das almas para outros corpos humanos. Tendemos a crer que a descida da alma à animalidade num corpo inferior não era, como a ideia do Inferno, no catolicismo, mais do que um espantalho, destinado, no pensamento dos antigos, a apavorar os maus. Qualquer retrocesso desta espécie seria contrário à justiça, à verdade; além de que o desenvolvimento do organismo, ou perispírito, vedando ao ser humano a possibilidade de continuar a adaptar-se às condições da vida animal, torná-la-ia, aliás, impossível"

REVISÃO HISTÓRICA SOBRE A TEORIA DAS VIDAS SUCESSIVAS

"A doutrina das vidas sucessivas, ou reencarnação, é também chamada palingenesia, de duas palavras gregas - palin, de novo, genesis, nascimento. O que há de mais notável é que, desde os albores da civilização, ela foi formulada, na Índia, com uma precisão que o estado intelectual dessa época longínqua não fazia pressagiar.
"Com efeito, desde a mais alta Antiguidade, os povos da Ásia e da Grécia acreditaram na imortalidade da alma, e mais ainda, muitos procuravam saber se essa alma fora criada no momento do nascimento ou se existia antes.
"A Índia é, muito provavelmente, o berço intelectual da humanidade, e é interessante que se encontrem nos vedas e no Bhagavad Gita passagens como as que se seguem: "Assim como se deixam as vestes gastas para usar vestes novas, também a alma deixa o corpo usado para revestir novos corpos"...
"Os mundos voltarão a Brama, ó Arjuna, mas aquele que me atingiu não deve mais renascer"...
"Encontra-se no mazdeísmo, religião da Pérsia, uma concepção muito elevada, a da redenção final concedida a todas as criaturas, depois de haverem, entretanto, experimentado as provas expiatórias, que devem conduzir a alma humana à sua felicidade final...".
"Na Grécia vai-se encontrar a doutrina das vidas sucessivas nos poemas órficos; era a crença de Pitágoras, de Sócrates, de Platão, de Apolónio e de Empédocles. Com o nome de metempsicose falam dela muitas vezes nas suas obras, em termos velados, porque, em grande parte, estavam ligados pelo juramento iniciático; contudo, ela é afirmada com clareza no último livro da "República", em "Fedra", em "Timeu" e em "Fedon".
"Platão adopta a ideia pitagórica da palingenesia. Ele fundou-a em duas razões principais, expostas no "Fedon". A primeira é que, na natureza, a morte sucede à vida, e, sendo assim, é lógico admitir que a vida sucede à morte, porque nada pode nascer do nada, e se os seres que vemos morrer não devessem mais voltar à Terra tudo acabaria por se absorver na morte. Em segundo lugar, o grande filósofo baseia-se na reminiscência, porque, segundo ele, aprender é recordar.
"A escola neoplatónica de Alexandria ensina a reencarnação, precisando, ainda, as condições, para a alma, dessa evolução progressiva.
"Para Plotino, a alma comete faltas, é condenada a expiá-las, recebendo punições em infernos tenebrosos; depois, é obrigada a passar a outro corpo, para recomeçar suas provas...
"Porfírio não crê na metempsicose, ainda mesmo como punição das almas perversas e, segundo ele, a reencarnação só se opera no género humano.
"Segundo Jâmblico, a justiça de Deus não é a justiça dos homens. O homem define a justiça sob o ponto de vista da sua vida actual e do seu estado presente. Deus define-a relativamente às nossas existências sucessivas e à universalidade das nossas vidas.
"Entre os romanos, que receberam a maior parte dos seus conhecimentos da Grécia, Virgílio exprime claramente a ideia da palingenesia... Diz também Ovídio que a sua alma, quando for pura, irá habitar os astros que povoam o firmamento, o que estende a palingenesia até aos outros mundos semeados no espaço.
"Os gauleses praticavam a religião dos druidas, acreditavam na unidade de Deus e nas vidas sucessivas.
"Durante todo o período da Idade Média, a doutrina palingenésica ficou velada, porque era severamente proscrita pela Igreja, então toda-poderosa... Foi preciso chegar aos tempos modernos, e à liberdade de pensar e de discutir publicamente, para que a verdade das vidas sucessivas pudesse renascer à grande luz da publicidade".
"Descartes, Leibnitz e Kant tiveram uma certa intuição destes factos (caracteres dissemelhantes dos gémeos e terem os meninos-prodígio talentos que os pais não possuíam); Descartes, sobretudo, na sua teoria das ideias inatas...
"Todas estas religiões se basearam na crença nas vidas sucessivas: o bramanismo, o budismo, o druidismo, o islamismo. O cristianismo primitivo não abriu excepção à regra. Traços desta doutrina se nos deparam no Evangelho. Os padres gregos Orígenes, Clemente de Alexandria e a maior parte dos cristãos dos primeiros séculos admitiam-na...".
«Ainda que em tempos remotos grandes pensadores cristãos tenham aceite a doutrina das vidas sucessivas, como Orígenes, Agostinho, Francisco de Assis, Jerónimo, entre inúmeros outros pensadores religiosos e leigos, antigos e modernos, muitos mantêm-se na obstinada negativa de quem concluiu sem estudar, como o que não viu e não gostou.»
Segundo Leslie D. Weatherhead, da Igreja Anglicana de Londres (The Case for Reencarnation, de Leslie D. Weatherhead, Londres, 1958), o conceito das vidas sucessivas foi rejeitado pela Igreja Católica no Concílio de Constantinopla, em 553, por votação, na qual a reencarnação perdeu por 3 a 2. O que realmente aconteceu foi que um sínodo local condenou os ensinamentos de Orígenes acerca da preexistência da alma, em 553, na cidade de Constantinopla, crê-se que até por imposição política do imperador Justiniano, a cuja esposa desagradava a ideia de poder reencarnar como escrava, se maltratasse os escravos, como então se ensinava.

A REENCARNAÇÃO NA BÍBLIA E NOS EVANGELHOS

Entre os hebreus, a ideia das vidas anteriores era geralmente admitida.
A crença nos renascimentos da alma encontra-se indicada em inúmeras passagens da Bíblia, de forma mais ou menos velada, porém, claramente nos evangelhos.
Em Isaías, cap. XXVI, v. 19, encontramos: Aqueles do vosso povo a quem a morte foi dada viverão de novo; aqueles que estavam mortos em meio a mim ressuscitarão. Despertai do vosso sono e entoai louvores a Deus, vós que habitais o pó...
É também muito explícita esta passagem de Isaías: "Aqueles do vosso povo a quem a morte foi dada viverão de novo". Se o profeta houvera querido falar da vida espiritual, se houvera pretendido dizer que aqueles que tinham sido executados não estavam mortos em espírito, teria dito "ainda vivem", e não "viverão de novo". No sentido espiritual, seria um contra-senso, pois implicaria uma interrupção na vida da alma. No sentido da regeneração moral, seria a negação das penas eternas, pois estabelece, em princípio, que todos os que estão mortos viverão".
E Job, no cap. XIV, v. 10 a 14, na versão da Igreja grega, assim escreve: Quando o homem está morto, vive sempre; acabando os dias da minha existência terrestre, esperarei, porquanto a ela voltarei de novo.
"...O princípio da pluralidade das existências acha-se claramente expresso... A versão da Igreja grega é mais explícita, se é que isso é possível. "Acabando os dias da minha existência terrena, esperarei, porquanto a ela voltarei, ou voltarei à existência terrestre. Isto é tão claro como se alguém dissesse: "Saio de minha casa, mas a ela tornarei".
Em várias passagens dos Evangelhos aparece claramente a ideia da reencarnação, sendo referida pelos evangelistas, demonstrando que era ponto de uma das crenças fundamentais dos judeus.
1. "Jesus, tendo vindo às cercanias de Cesareia de Filipe, interrogou assim seus discípulos: "Que dizem os homens em relação ao Filho do Homem? Quem dizem que eu sou?". Eles lhe respondem: "Dizem uns que és João Baptista; outros, que Elias; outros, que Jeremias, ou algum dos profetas". Perguntou-lhes Jesus: "E vós, quem dizeis que eu sou?". Simão Pedro, tomando a palavra, respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo"... (S. Mateus, cap.XVI, vv. 13 a 17; S. Marcos, cap. VIII, vv. 27 a 30).
2. "Nesse interim, Herodes, o Tetrarca, ouvira falar de tudo o que fazia Jesus, e seu espírito se achava em suspenso - porque uns diziam que João Baptista ressuscitara dentre os mortos; outros que aparecera Elias; e outros que um dos antigos profetas ressuscitara. Disse então Herodes: "Mandei cortar a cabeça a João Baptista; quem é então esse de quem ouço dizer tão grandes coisas?" E ardia por vê-lo. (S. Marcos, cap. VI, vv. 14 a 16; S. Lucas, cap. IX, vv. 7 a 9).
3. "Após a transfiguração, os seus discípulos então o interrogaram desta forma: "Porque dizem os escribas ser preciso que antes volte Elias?". Jesus lhes respondeu: "É verdade que Elias há-de vir e restabelecer todas as coisas, mas eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve. É assim que farão sofrer o Filho do Homem". Então seus discípulos compreenderam que fora de João Baptista que ele falara". (S. Mateus, cap. XVII, vv. 10 a 13; S. Marcos, cap. IX, vv. 11 a 13).
"A ideia de que João Baptista era Elias e de que os profetas podiam reviver na Terra está em muitas passagens dos Evangelhos, notadamente nas acima reproduzidas (n.º 1, 2 e 3). Se fosse errónea essa crença, Jesus não houvera deixado de a combater, como combateu tantas outras".
Ainda o Evangelho de S. João apresenta afirmação mais categórica do Cristo com referência à doutrina das vidas sucessivas: Ora, entre os fariseus, havia um homem chamado Nicodemos, senador dos judeus, que veio à noite ter com Jesus e lhe disse: "Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus para nos instruir como um doutor, porquanto ninguém poderia fazer os milagres que fazes se Deus não estivesse com ele". Jesus lhe respondeu: "Em verdade, em verdade, te digo, ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo".
Disse-lhe Nicodemos: "Como pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, para nascer segunda vez?"
Retorquiu-lhe Jesus: "Em verdade, em verdade, te digo: Se um homem não renasce da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do espírito é espírito. Não te admires de que eu te haja dito ser preciso que nasças de novo..."
Respondeu-lhe Nicodemos: "Como pode isso fazer-se? - Jesus lhe observou: "Pois quê! És mestre em Israel e ignoras estas coisas?"... (S. João, cap. III, vv. 1 a 12).
"Esta última observação do Cristo mostra bem que ele se surpreendeu não conhecesse um mestre em Israel a reencarnação, porque ela era ensinada como doutrina secreta aos intelectuais da época.
"Uma das provas que se pode apresentar é a de que existiam ensinos ocultos ao comum dos homens, e que foram compilados nas diferentes obras que constituem a Cabala.
"No ensino secreto, reservado aos iniciados, proclamava-se a imortalidade da alma, as vidas sucessivas e a pluralidade dos mundos habitados.
"Não há dúvida de que, sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarnação era ponto de uma das crenças fundamentais dos judeus, ponto que Jesus e os profetas confirmaram de modo formal; donde se segue que negar a reencarnação é negar as palavras do Cristo. Um dia, porém, as suas palavras, quando forem meditadas sem ideias preconcebidas, reconhecer-se-ão autorizadas quanto a esse ponto, bem como em relação a muitos outros.
"A essa autoridade, do ponto de vista religioso, se adita, do ponto de vista filosófico, a das provas que resultam da observação dos factos. Quando se trata de remontar dos efeitos às causas, a reencarnação surge como de necessidade absoluta, como condição inerente à humanidade; numa palavra: como lei da natureza...
"Sem o princípio da preexistência da alma e da pluralidade das existências são ininteligíveis, na sua maioria, as máximas do Evangelho, razão por que têm dado lugar a tão contraditórias interpretações. Somente esse princípio lhes restituirá o sentido verdadeiro".

REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO ANÍMICA

"Tomando-se a humanidade no grau mais ínfimo da escala espiritual, perguntar-se-á se é aí o ponto inicial da alma humana.
"Na opinião de alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto do princípio material, individualiza-se e elabora-se, passando pelos diversos graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, as suas primeiras faculdades. Esse seria para ela, por assim dizer, o período de incubação. Chegada ao grau de desenvolvimento que esse estado comporta, ela recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana. Haveria assim filiação espiritual do animal para o homem, como há filiação corporal.
"Este sistema, fundado na grande lei de unidade que preside à criação, corresponde, forçoso é convir, à justiça e à bondade do Criador; dá uma saída, uma finalidade, um destino aos animais, que deixam então de formar uma categoria de seres deserdados, para terem, no futuro que lhes está reservado, uma compensação para os seus sofrimentos. O que constitui o homem espiritual não é a sua origem: são os atributos especiais de que ele se apresenta dotado ao entrar na humanidade, atributos que o transformam, tornando-o um ser distinto, como o fruto saboroso é distinto da raiz amarga que lhe deu origem. Por haver passado pela fieira da animalidade, o homem não deixaria de ser homem; já não seria animal, como o fruto não é a raiz, como o sábio não é o feto informe que o pôs no mundo".
"O sentimento da justiça absoluta diz-nos também que o animal, tanto quanto o homem, não deve viver e sofrer para o nada. Uma cadeia ascendente e contínua liga todas as criações; o mineral ao vegetal, o vegetal ao animal, e este ao ente humano...
" A alma elabora-se no seio dos organismos rudimentares. No animal está apenas em estado embrionário; no homem adquire o conhecimento, e não mais pode retrogradar. Porém, em todos os graus ela prepara e conforma o seu invólucro. As formas sucessivas que reveste são a expressão do seu valor próprio. A situação que ocupa na escala dos seres está em relação directa com o seu estado de adiantamento".
"A finalidade da alma é o desenvolvimento de todas as faculdades a ela inerentes. Para consegui-lo, ela é obrigada a encarnar grande número de vezes, na Terra, a fim de acendrar suas faculdades morais e intelectuais, enquanto aprende a senhorear e governar a matéria. É mediante uma evolução ininterrupta, a partir das formas de vida mais rudimentares, até à condição humana, que o princípio pensante conquista, lentamente, a sua individualidade. Chegado a esse estágio, cumpre-lhes fazer eclodir a sua espiritualidade, dominando os instintos remanescentes da sua passagem pelas formas inferiores, a fim de elevar-se, na série das transformações, para destinos sempre mais altos".
"No dia em que a alma, libertando-se das formas animais e chegando ao estado humano, conquistar a sua autonomia, a sua responsabilidade moral, e compreender o dever, nem por isso atinge o seu fim ou termina a sua evolução. Longe de acabar, agora é que começa a sua obra real; novas tarefas a chamam. As lutas do passado nada são ao lado das que o futuro lhe reserva. Os seus renascimentos em corpos carnais se sucederão...".

REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO DO HOMEM

"Quando o espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, liga-o ao germe que o atrai com uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o germe se desenvolve, o laço encurta-se. Sob a influência do princípio vital - material do germe -, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, une-se, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior".
"À medida que o espírito se purifica, o corpo que o reveste aproxima-se igualmente da natureza espírita. Torna-se-lhe menos densa a matéria, deixa de rastejar penosamente pela superfície do solo, menos grosseiras se lhe fazem as necessidades físicas, não mais sendo preciso que os seres vivos se destruam mutuamente para se nutrirem. O espírito acha-se mais livre, e tem, das coisas longínquas, percepções que desconhecemos. Vê com os olhos do corpo o que só pelo pensamento entrevemos.
"Da purificação do espírito decorre o aperfeiçoamento moral para os seres que eles constituem, quando encarnados. As paixões animais enfraquecem-se e o egoísmo cede lugar ao sentimento de fraternidade. Assim é que, nos mundos superiores ao nosso, se desconhecem as guerras, carecendo de objecto os ódios e as discórdias, porque ninguém pensa em causar dano ao seu semelhante. A intuição que seus habitantes têm do futuro, a segurança que uma consciência isenta de remorsos lhes dá, fazem com que a morte nenhuma apreensão lhes cause. Encaram-na de frente, sem temor, como simples transformação.
"A duração da vida, nos diferentes mundos, parece guardar proporção com o grau de superioridade física e moral de cada um, o que é perfeitamente racional. Quanto menos material o corpo, menos sujeito às vicissitudes que o desorganizam. Quanto mais puro o espírito, menos paixões a miná-lo. É essa ainda uma graça da Providência, que desse modo abrevia os sofrimentos".


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quinta-feira, 21 de julho de 2011

BASES ESPÍRITAS NA PSICOLOGIA


Por Dr. Jorge Andrea

A psicologia, sem sombras de dúvidas, sofre grande impulso científico com o advento dos trabalhos de Freud, logo seguindo-se Jung com maior riqueza científica.
No final do século XIX e início deste, era voz corrente entre os estudiosos e laboradores da psicologia que, se abandonássemos as idéias freudianas, inapelavelmente cairíamos em Jung, porquanto, nesta época, os descortinadores dos véus da alma mostravam-se, com certa eficiência, dentro das razões científicas. Entretanto, novas escolas e modificações nos conceitos dos criadores da psicologia profunda muito deve a Jung, não só pela retomada das idéias freudianas onde ele parou, mas, principalmente, pelo enriquecimento de conceitos e hipóteses de trabalho. Jung divergiu de Adler, também seu contemporâneo por este ter tomado rumos que se afastavam da psicanálise – em reentronizando o EU, fez uma espécie de volta da psicologia à superfície do psiquismo, valorizando, quase com exclusividade, a zona consciente, sem a devida penetração na energética de profundidade como exigência de uma época. Jung, ao contrário, ofereceu bons mergulhos no inconsciente criando muitas luzes, mas, mesmo assim, deu violentas paradas por faltarem lastros científicos de elementos outros que tinha receio de admitir oficialmente – a imortalidade do inconsciente (Espírito) e o processo renovador das reencarnações.
Todas essas discussões mostravam as fraquezas da psicologia profunda diante das estruturas de suas hipóteses. Os mais atilados de antanho e dos nossos dias, não combatem a idéia do inconsciente, pois reconhecem as autenticidades desse bloco de energias que carregamos; discutes-se, sim, principalmente nos dias atuais, a origem da zona inconsciente e sua estruturação.
Se Adler fez um retorno à zona consciente, Jung mergulha no estofo do bloco anímico. Freud fica numa posição intermediária com o mérito de ter sido o responsável pela abertura dos véus da alma. Foram, justamente, essas três escolas que possibilitaram os sentimentos onde o movimento psicanalítico tomava assento. Em seu movimento inicial, na Europa, houve muitas discussões, especulações, desconfianças, confianças excessivas, de modo a redundar num mar de hipóteses e interpretações; mas, com o tempo, se foi fixando e tomando um sentido baseado nas escolas que lhe modelaram os fundamentos.
Freud foi o pioneiro pela descoberta das atividades do inconsciente (a idéia do inconsciente é bem mais antiga); por ser mais um pesquisador deu pouca atenção à terapêutica nestes arraiais em que os médicos procuravam arrecadar novos conceitos. Tanto assim que Alexander, uma das grandes estrelas da psiquiatria, disse: "Essa tradição de pesquisa talvez seja uma das razões pelas quais o método de tratamento psicanalítico mudou muito pouco desde sua origem". Acrescentamos: o método, com sua evolução natural dentro dos conceitos psicológicos, seria mais um método antropológico do que terapêutico; método que buscará, nas novas aquisições por virem, a descoberta do próprio Espírito.
Jung, ao mergulhar no psiquismo, define o inconsciente coletivo, seus arquétipos e símbolos, faltando-lhe homologar o lastro imenso do pretérito, resultado de autênticas vivências sempre reedificadas pelo mecanismo reencarnatório. A estrutura do inconsciente, apresentada por Jung em 1902, foi o resultado de um estudo atento e bem penetrante sobre o desenvolvimento anímico de uma sonâmbula. Jung percebeu a existência dos mecanismos do inconsciente, mas esbarrou no processo de imortalidade. Isolando esta proposta, além da difícil aceitação pelo meio científico, criou, com sua enciclopédica cultura, uma psicologia de difícil entendimento. Em 1916, fez novo retoque sobre a conceituação do inconsciente e nos dá uma palavra final sobre o assunto, em 1928, assim mesmo afirmando que cabe ao futuro uma melhor avaliação de sua energética. Entretanto, deixou bem demarcado que a mente possui legados de conteúdos históricos, verdadeiras moldagens arcaicas que se tornam presentes na zona consciente, por diversos motivos, principalmente os de caráter emocional. Muitos quadros clínicos da psiquiatria, lastreados em exaltação emocional manifesta, podem remover para a zona periférica do psiquismo (zona consciente) aqueles blocos de energias internas como se fora uma drenagem.
Tudo isso vem mostrar uma verdade psicológica que só poderá ser entendida com a idéia de perenidade do inconsciente; o que vale dizer, de imortalidade. Inconsciente imortal, com seus conteúdos históricos, só poderá ser compreendido como o Espírito perene, lastreado nas experiências reencarnatórias. Dentro do pensamento espírito (imortalidade, reencarnação, comunicações entre Espíritos) melhor compreenderemos a abertura freudiana e a construção junguiana, apesar das suas ainda limitadas proposições.
Até hoje os psicologistas não conseguem bem entender Jung sobre os arquétipos, a ponto de Ramon Sarró dizer que os arquétipos não podem ser "a decantação de vivências de nossos antepassados pré-históricos. Serão produtos das atividades da imaginação? Mas, que é a imaginação? Mas, qualquer que seja o pensamento sobre os arquétipos a realidade dos mesmos não pode ser negada". A personalidade Maná, abordada por Jung, com suas estruturas arquetípicas, mostra a importância desses fatos psicológicos. Personalidade Maná – ser pleno de qualidades ocultas – em termos junguianos é merecedora de análise: "Reconheço que em mim atua um fator psíquico que se oculta diante de minha vontade consciente. Inspira-me idéias extraordinárias, ao lado de produzir afetos e caprichos em minha natureza. Sinto-me importante diante desses fatos e o que considero pior, estou atado a esses fatos de modo a admirá-los". Muitos consideram e traduzem essa confissão como típica de um temperamento artístico e mesmo filosófico. Acentua ainda Jung: "A personalidade Maná é dominante no inconsciente coletivo, é o arquétipo do homem poderoso em forma de herói, mago, santo, curandeiro, dono de homens e Espíritos, amigo de Deus".
Não podemos deixar de ver e sentir o tácito reconhecimento de Jung dos processos espirituais na psicologia, embora tendo de contorná-los e aproximá-los da ciência de seu tempo. Basta, para isso, analisar a essência da Doutrina Espírita.
Foram as expansões dos arquétipos que propiciaram a Jung a construção de interessantes explicações de muitos fenômenos psicopatológicos, incluindo as neuroses, afastando-se das idéias freudianas que tudo localizavam na infância. Ampliando os conceitos das neuroses chega a admitir uma espécie de amestralidade dos arquétipos neste contexto, coisa, aliás, que ficou muito a desejar. Tudo isso porque o método psicanalítico e os de psicanálise conduzem ao conhecimento das estruturas psíquicas, jamais a um vibrante método de analises do psiquismo como métodos de pesquisa antropológica. É bem verdade que diante de um melhor conhecimento poderemos ter melhores possibilidades de tratamento. A sondagem em uma boa trilha pode levar ao tratamento, mas ela, por si só, não é método terapêutico.
Se atentarmos para os arquétipos, a personalidade Maná, o relacionamento com as neuroses e tantas outras explosões do inconsciente na zona consciente, anotadas por Jung, quer as de caráter hígido e as conotações patológicas, chegamos à conclusão de quanto os conceitos da Doutrina Espírita asseguram melhor compreensão e avaliação da zona inconsciente que, em última análise, representa o espírito.
Os arquétipos junguianos, nas malhas estruturais do inconsciente coletivo, só podem mostrar, autêntico sentido, se dermos a eles a natural formação arquimilenar ao lado da constante construção maturativa nas experiências das etapas reencarnatórias. Quando Ramon Sarró conclama que o arquétipo não pode ser a decantação de vivências de nossos antepassados pré-históricos e que somente a imaginação poderá assim concebê-los, é por ter ficado num grande impasse ao perceber, no arquétipo, a história da humanidade. Podemos mesmo afirmar: os arquétipos são as construções adquiridas nas imensas etapas reencarnatórias, às expensas das diversas personalidades corpóreas que vamos desfilando pela vida afora.
Por tudo, achamos que Jung foi um dos grandes missionários da psicologia: muito fez e mostrou, tentou muitas vezes aproximar-se da metafísica, naquilo que a ciência do seu tempo podia suportar. Se hoje retomarmos à psicologia de Jung e conceituamos as zonas do psiquismo, colocando os arquétipos sob forma de núcleos em potenciação e os situando numa zona específica denominada de inconsciente passado, e admitindo a esses núcleos um constante burilamento e crescimento diante das experiências milenares das reencarnações, cremos que melhor atenderemos à psicologia. Diante da imortalidade do inconsciente ou zona espiritual e da comunicabilidade dos Espíritos em face dos fenômenos mediúnicos com suas múltiplas facetas, melhor entenderemos os complexos afetivos e a personalidade Maná tão bem equacionados por Jung. Com isso, poderemos ajudar a construção da psicologia com as exigências próprias de cada época, compreendendo os lidadores e construtores onde os lugares de Freud e Jung já estão reservados.
A Doutrina Espírita, perante as aquisições e pesquisas dos dias atuais, lastreada nas experiências de todas as épocas, possui condições de oferecer ao homem aturdido de nossos tempos um caminho bem autentico, sem afastá-lo de suas verdades científicas. A Doutrina Espírita se faz, por excelência, dinâmica, acompanhando o pensamento humano, dando-lhe, entretanto, lógica e fé raciocinada como elementos indispensáveis para o surgimento do homem novo. O homem novo, que nada mais seria do que a velha estrutura, mais bem burilada e temperada nos contratempos e gratificações psicológicas, em novos corpos, mais ágeis, exigindo, principalmente das estruturas espirituais, temas da evolução, o esclarecimento das estruturas espirituais.
Fonte: Enfoques científicos na Doutrina Espírita, Jorge Andréa.
Extraído do site ICEB – http://sites.uol.com.br/iceb

quarta-feira, 13 de julho de 2011

CEAP informa:

Atenção!

Entre os dias de quinta-feira (14/07/11) e terça feira (19/07/11) o administrador do blog e do site, Romes Bittencourt Sousa estará em viagem. Assim sendo, as postagens voltarão ao normal na quarta-feira (20/07/11).

Obrigado!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O Médium nem sempre pode curar!

Pode parecer Jogo de palavras, mas o médium de cura é, quase sempre, um espírito endividado diante da Lei de Deus, carente de tratamento. A cura espiritual ocorrerá se o médium fizer bom uso do seu "poder" mediúnico, concedido pela misericórdia de Deus. No tratamento mediúnico, o doente propriamente dito pode curar-se se aliar o merecimento à fé. O médium representa apenas o instrumento - esterilizado ou enferrujado - sobre o qual atuam os bons espíritos. Para os dois, médium e paciente, vale a advertência de Jesus: "Vá e não peques mais".

Kardec atribuiu (Revista Espírita de 09/1865) ao Espiritismo o mérito de explicar satisfatoriamente os fenômenos mediúnicos de cura, embora tenha admitido, desde o primeiro momento de sua análise, que a mediunidade é um fenômeno natural, ocorrido em todos os tempos da história do homem.

No antigo Egito - para dar apenas um exemplo -, a prática mediúnica era usual e popular, a tal ponto que foi registrado, em gravura, o deus Horus colocando as mãos acima da cabeça de um doente, na típica postura de um passista.

A mediunidade de cura ocorre, basicamente, pela doação de fluido, dirigida por um espírito, com resultados mais ou menos rápidos, dependendo da capacidade do médium e do merecimento do paciente.

É preciso esclarecer, de início, que qualquer pessoa, dotada ou não de mediunidade, pode aplicar passes. São os chamados magnetizadores. O que distingue um médium curador dos demais mortais é a predisposição fluídica especial, que o torna mais eficaz na aplicação do passe.

Porém, nem sempre o médium curador é bem-sucedido. Digo isto para que fique claro que um doente sem merecimento não obtém a cura, ainda que recorra ao mais eficiente dos médiuns. Diante dos casos de provação compulsória, a terapia doutrinária, com base no Evangelho, é o melhor remédio para amenizar o sofrimento do doente e neutralizar todo sentimento de revolta contra Deus.

Às vezes, o resultado é tímido ou mesmo nulo por outros motivos. Uma das explicações é esta: assim como os profissionais médicos, o médium curador trabalha por especialidade.

Tais limitações são comuns. Podemos atuar muito bem sobre uma dor de estômago e não sobre uma dor de cabeça; podemos beneficiar o coração de um companheiro e sermos impotentes diante de um osso quebrado.

A qualidade do fluido emitido pelo médium também interfere no resultado do fenômeno. O fluido da pessoa desregrada não atua tanto quanto o de uma pessoa equilibrada. Alimentação sadia e visível progresso moral ampliam significativamente a capacidade do médium curador.

Neste ponto, alguém pode contestar a argumentação, alegando que existem médiuns muito eficazes no tratamento de doenças e que, apesar disso, cobram pelo que fazem, sem considerar a mediunidade como uma dádiva concedida pela misericórdia de Deus.

Não é bem assim. Muitas curas podem ocorrer por mérito exclusivo do paciente. Um bom espírito utiliza-se, momentaneamente, do fluido de um médium curador, seja ele quem for, considerando a urgência do atendimento a um doente que precisa de tratamento e merece a cura.

Seja como for a cura mediúnica é uma realidade. Mas não confunda médium receitista com médium curador. O primeiro age como uma variante da mediunidade psicográfica, atuando como um médico. O médium receitista recomenda, por inspiração dos espíritos, determinada substância, alopática ou homeopática. Quem cura, portanto, não é o médium, mas o remédio.

No caso do médium curador, ocorre a intervenção fluídica sobre o corpo e o perispírito do paciente. A cura se processa pela emissão do fluido do médium, combinado com a irradiação de um espírito, que o assiste, monitorando e dirigindo o fenômeno. O médium pode receitar e não ser médium de cura ou vice-versa. Pode também combinar as duas aptidões, o que é mais raro.

O médium digno deste nome busca sempre o aperfeiçoamento moral, certo de que, na maioria dos casos, a mediunidade representa o melhor instrumento para o resgate de débitos desta e de outras vidas.

Antes de tudo, o médium deve entender que reencarnou com o dom da cura porque tem dívidas a saldar, coletivas ou individuais. No passado, o médium pode ter sido um mau rei que prejudicou milhares de súditos; ou um latifundiário que manipulou o mercado, provocando a falta de alimentos; ou ainda um agitador que abusou das multidões para saciar a sede de poder. Pela mediunidade de cura, o médium resgata os débitos pelo trabalho em favor do próximo.

Quando passarem para o plano espiritual, após o desencarne, os maus políticos e os maus empresários compreenderão, como já o fizemos, a imensidade do prejuízo que causaram na Terra. Para eles haverá, certamente, a opção de repararem os erros com a prática da mediunidade, em benefício de muitos.

A misericórdia de Deus é infinita. Apesar da extensão do nosso estrago, direto ou indireto, causado no passado, Deus nos concedeu a bênção da mediunidade curativa por 30, 40 ou 50 anos.

É importante entender que o poder de irradiação e de penetração fluídica do médium curador cresce na medida em que pratique a moral cristã. Com o domínio de forças mais sutis, atinge áreas mais complexas, no corpo e no perispírito do paciente. Se for guiado por um bom espírito, que também seja médico, produz curas consideradas impossíveis.
Altivo Carissimi Pamphiro
(Artigo retirado da Revista Estudos Espíritas - Janeiro de 1999 - Edições Léon Denis)